Entre os registos de novos textos na BITAGAP há um fragmento de uma poesia satírica em português com o mote “Meu senhor não vos mateis” (texid 21404 / cnum 39138) de um autor desconhecido mas evidentemente da época da poesia palaciana conservada no Cancioneiro Geral. O fragmento foi encontrado pelo Prof. Charles Faulhaber na última página de um exemplar do livro Glosa famosissima sobre las coplas de don Jorge Manrrique, impresso em Sevilha por Jacobo Cromberger, ca. 1508-1510 (BNE, R/4133; BETA manid 5319). Reproduzimos aqui a imagem da Biblioteca Digital Hispánica (fol. 20v):
E aqui uma transcrição paleográfica de Pedro Pinto, revisada por Arthur Askins, com a ajuda de Ricardo Pichel e Harvey Sharrer:
meu s~ñor nã uos mateis
ne~ tomeis tãta pajxam
& se batalhar quereis
te~de muj bom coracã
[e]u me quero aqueixar
pois tenho mujta Rezã
Ca me nã dam de sear
[p]arte~ me ou Jãtar de pã
[e]u bem sey que~ te~ a qullpa
S~ñora da pouzada
[e]la muj bem se descullpa
& a todos nos apupa
[p]ois nã comemos pesquada
[n]os come{SS}mos{ES} mujto bem
majs em bacyos de prata
[…]a SeJa a vyda d’allgem
[…]nda Se torne hu~a gata
vy~da da despemseyRa
[m]as que he tã esmerada
tem ho naryz mujto curto
quãdo se poy a beber
nu~qua faz senã soru[e]r
como que~ bebe de furto
fyqua bem hu~a quanada
demtro naquelle allaguar
quãdo a sede adourada
a boca uaj a parar
maj dejtaj por esa byqa
que moro mujto de […]
falla m{SS}a{ES} f~r~z
Jmda ca mais ag[…]
fylha uede
e bebede
nã me deis tãta
pois quã dajs more~do […]
te~do eu a despem[…]
Saudamos qualquer ajuda para melhorar a leitura do fragmento ou indicação mais precisa sobre a sua possível data de composição.
Arthur Askins e Harvey Sharrer